Fui operado em Coimbra no dia 23 de Dezembro, na véspera de Natal estava nos cuidados intensivos e presenciei a morte de alguém pela primeira vez, acho que, foi a partir desse dia que deixei de dar valor à quadra natalícia. Estabilizaram-me a coluna com duas placas e quatro parafusos, que ainda hoje guardo como recordação, já movimentava e sentia bem os braços mas as pernas continuavam inertes. Os dias passaram e contei com o apoio das pessoas de Coimbra, foi fenomenal, algo para o qual, não há palavras que paguem o que senti e o que ajudou numa altura tão complicada. Colegas, professores, conhecidos e amigos todos vieram ver-me, apoiar e incentivar, de Lisboa, onde se encontravam os "supostos amigos", poucos apareceram! Nos maus momentos é que se vê os amigos, é uma das grandes verdades da vida!
Voltei para Lisboa em Janeiro, a viagem pode-se caracterizar no mínimo, como insólita! Os médicos tinham referido ao condutor da ambulância, que como a operação tinha pouco tempo e as mazelas ainda não estavam estabilizadas, uma condução imprudente poderia causar danos graves. Posso dizer que deitado na maca, senti-me como que num Lisboa-Dacar! Cheguei a saltar na maca, tal a velocidade a que vinhamos! Chegámos ao Hospital da Cruz Vermelha com uma hora de avanço dos meus pais e avós, que tinham saído de Coimbra primeiro que a ambulância!
Na Cruz Vermelha, comecei a ter dores infernais, tinha ataques onde sentia metade do corpo com uma sensação de queimar. Excruciante! Embora o pessoal de enfermagem fosse mu
Já operado e sem dores, encontrava-me no quarto, a Isabel estava por lá a fazer-me companhia, os dois a ver televisão, ela numa cadeira e eu na cama, e à algum tempo sentia uma sensação parecida com comichão, no dedão do pé direito, e digo: Isabel, podes levantar-me o lençol? Estou com uma comichão! Ela assim o fez, ficámos os dois de boca aberta parados a olhar para o meu pé! Comecei a esboçar um sorriso, a Isabel não dizia nada, parecia pregada ao chão, então saíu-me as palavras - Estou a mexer! Estou a mexer o dedo do pé!
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