The Real Johnny Bravo

Histórias de um livro chamado vida

Houve uma estadia por terras lusas em que era proíbido ao René tocar no carro de quem quer que fosse. As coisas que lhe aconteciam eram absurdas. Muita das vezes caricatas e que só mesmo a ele podiam acontecer. Para se entender a gravidade da situação, vou relatar um fim-de-semana onde a lógica da proibição passa a fazer sentido.
Estavamos no bar havana, tinhamos chegado da nossa incursão por terras algarvias e como que por obrigação fomos ainda beber um copo. Eu, o Ivo, o René e o Gonçalo. Estavamos mortos de cansaço e afundámos numas cadeiras ao fundo da pista de dança. Aparecendo do nada vêm uma miúda ter com o René e começam a falar. Com o som da música não me apercebia da conversa e com curisosidade de saber quem era, inclinei-me para perto do Ivo e pergunto-lhe: - Quem é? Conheces? Ao que ele responde com um não. Bem a rapariga foi-se embora e o René explicou-nos que era uma espanhola que estava em Lisboa a passar férias com a amiga e que olhou para nós e indagou-se porque estavamos com aquelas caras num local de diversão. O René justificou aquele nosso ar com o chegar de uma viagem cansativa. Eu incentivei o René a convidar-las para jantar no dia seguinte e que estavamos disponíveis para mostrar-lhes todos recantos e sítios de Lisboa. Ele dirigiu-se para o balcão e fez a proposta, elas aceitaram de bom grado e o René ficou de ir ter com elas ao Hotel no dia seguinte para levar-las a conhecer as nossas sete colinas.
No dia seguinte, o René que é o perfeito cavalheiro, ao chegar ao hotel, saíu do carro, deixando as chaves na ignição e foi receber-las à entrada do hotel, esteve uns bons cinco minutos naquelas conversas de cordialidade e depois dirigiram-se os três para o carro. Pequeno detalhe! O carro da Zé, mãe do Ivo, tinha um sistema de segurança que fazia com que o carro trancasse as portas automáticamente ao fim de três minutos, para o caso de o proprietário se esquecer de o fazer. Claro está, que ficaram os três cá fora a olhar para a chave na ignição! O René teve de telefonar ao Ivo para que este arranjasse a chave suplente de maneira a poderem deslocar o carro do sítio onde se encontrava.
No dia seguinte, eu fui com o René buscar nostras hermanas ao hotel para um jantar e posterirmente uma saída nocturna. O René da parte da tarde pediu o Corsa emprestado ao meu pai, visto já se ter queimado com a Zé, depois da situação do dia anterior. O meu pai relutantemente acedeu ao pedido. Eu levei o meu Crx e o René levou o Corsa, chegámos ao hotel e ainda bebemos um copo no hall à espera das raparigas. Fomos jantar ao copas e de seguida fomos para a discoteca kapital, dali seguimos para o plateau para acabar a noite. Despedimo-nos das miúdas à porta do hotel, com troca de moradas para correspondência e seguimos viagem para Linda-a-Velha, casa do meu pai. Eu ia à frente e ao chegar perto de casa tomei um atalho que adorava fazer de carro. Acelarei e como em tantas outras vezes gozei um bocado da condução que aquele pequeno troço me oferecia. Tinha deixado de vislumbrar o René, que até aquele momento seguia no meu encalço. Estacionei o carro, abri o portão da garagem e fiquei à espera do René. Passaram cinco minutos... dez e nada de René! Onde estaria aquele alemão? Quando já estava prestes a entrar no carro para ir à procura dele, vejo de relance a silhueta do Corsa no fim da rua. Vinha devagar e com um andar desengonçado. Quando se acercou de mim reparei que o artista tinha conseguido partir o eixo traseiro do carro! Era necessário um embate muito violento para que tal acontecesse e nem o René conseguiu explicar como tal se tinha sucedido. Ele diz que tentou acompanhar-me e que sentiu o carro bater no passeio e de seguida o carro ficou naquele estado! Belo serviço! O carro foi mais uma vez para a oficina, já era cliente habitual!
Apartir desse momento o René ficou proíbido de tocar nos carros dos amigos durante bastante tempo! Ninguém queria correr o risco de ficar sem carro! Mas mesmo assim no ano seguinte ainda conseguiu fazer das dele e encravar o leitor de cassetes do Corsa! Estive muito tentado, desde esse momento, a não deixar-lo chegar perto dos meus carros...

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