
Estavamos no bar havana, tinhamos chegado da nossa incursão por terras algarvias e como que por obrigação fomos ainda beber um copo. Eu, o Ivo, o René e o Gonçalo. Estavamos mortos de cansaço e afundámos numas cadeiras ao fundo da pista de dança. Aparecendo do nada vêm uma miúda ter com o René e começam a falar. Com o som da música não me apercebia da conversa e com curisosidade de saber quem era, inclinei-me para perto do Ivo e pergunto-lhe: - Quem é? Conheces? Ao que ele responde com um não. Bem a rapariga foi-se embora e o René explicou-nos que era uma espanhola que estava em Lisboa a passar férias com a amiga e que olhou para nós e indagou-se porque estavamos com aquelas caras num local de diversão. O René justificou aquele nosso ar com o chegar de uma viagem cansativa. Eu incentivei o René a convidar-las para jantar no dia seguinte e que estavamos disponíveis para mostrar-lhes todos recantos e sítios de Lisboa. Ele dirigiu-se para o balcão e fez a proposta, elas aceitaram de bom grado e o René ficou de ir ter com elas ao Hotel no dia seguinte para levar-las a conhecer as nossas sete colinas.
No dia seguinte, o René que é o perfeito cavalheiro, ao chegar ao hotel, saíu do carro, deixando as chaves na ignição e foi receber-las à entrada do hotel, esteve uns bons cinco minutos naquelas conversas de cordialidade e depois dirigiram-se os três para o carro. Pequeno detalhe! O carro da Zé, mãe do Ivo, tinha um sistema de segurança que fazia com que o carro trancasse as portas automáticamente ao fim de três minutos, para o caso de o proprietário se esquecer de o fazer. Claro está, que ficaram os três cá fora a olhar para a chave na ignição! O René teve de telefonar ao Ivo para que este arranjasse a chave suplente de maneira a poderem deslocar o carro do sítio onde se encontrava.No dia seguinte, eu fui com o René buscar nostras hermanas ao hotel para um jantar e posterirmente uma saída nocturna. O René da parte da tarde pediu o Corsa emprestado ao meu pai, visto já se ter queimado com a Zé, depois da situação do dia anterior. O meu pai relutantemente acedeu ao pedido. Eu levei o meu Crx e o René levou o Corsa, chegámos ao hotel e ainda bebemos um copo no hall à espera das raparigas. Fomos jantar ao copas e de seguida fomos para a discoteca kapital, dali seguimos para o plateau para acabar a noite. Despedimo-nos das miúdas à porta do hotel, com troca de moradas para correspondência e seguimos viagem para Linda-a-Velha, casa do meu pai. Eu ia à frente e ao chegar perto de casa tomei um atalho que adorava fazer de carro. Acelarei e como em tantas outras vezes gozei um bocado da condução que aquele pequeno troço me oferecia. Tinha deixado de vislumbrar o René, que até aquele momento seguia no meu encalço. Estacionei o carro, abri o portão da garagem e fiquei à espera do René. Passaram cinco minutos... dez e nada de René! Onde estaria aquele alemão? Quando já estava prestes a entrar no carro para ir à procura dele, vejo de relance a silhueta do Corsa no fim da rua. Vinha devagar e com um andar desengonçado. Quando se acercou de mim reparei que o artista tinha conseguido partir o eixo traseiro do carro! Era necessário um embate muito violento para que tal acontecesse e nem o René conseguiu explicar como tal se tinha sucedido. Ele diz que tentou acompanhar-me e que sentiu o carro bater no passeio e de seguida o carro ficou naquele estado! Belo serviço! O carro foi mais uma vez para a oficina, já era cliente habitual!
Apartir desse momento o René ficou proíbido de tocar nos carros dos amigos durante bastante tempo! Ninguém queria correr o risco de ficar sem carro! Mas mesmo assim no ano seguinte ainda conseguiu fazer das dele e encravar o leitor de cassetes do Corsa! Estive muito tentado, desde esse momento, a não deixar-lo chegar perto dos meus carros...
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