The Real Johnny Bravo

Histórias de um livro chamado vida

Hoje sofri um intervenção. Uma intervenção consiste em ter-mos amigos a chamarem-nos à realidade. Estive dia e meio sem aparecer no local do costume, sem falar com as pessoas que correntemente estão no meu dia-a-dia. Fui bombardeado com telefonemas para saberem da minha existência, sem nunca atender e quando esta noite cheguei ao ponto de encontro, sofri esta intervenção. Sim, é verdade que são pessoas que convivem comigo há pouco tempo mas que já se habituaram à minha presença, por mais inacreditável que tal pareça.
Comecei por dizer, que era um stress, um filme, sem razão de ser, só porque não tinha atendido o telefone e faltado a um dia de convívio habitual, eu sou assim, sou um solitário, por vezes necessito do meu espaço. Ouvi de tudo, ouvi muito mais do que quis. Ouvi uma análise, do que realmente tentam descortinar do que sou e demonstro. Foi um erro de casting, não absorvi uma única palavra dessa análise mas revi-me em palavras de amizade.
A vida, os acontecimentos e as casualidades fizeram-me ser alguém solitário por muito que esteja em companhia. Talvez como mecanismo de defesa, talvez por habituação, talvez porque no fundo não há maneira de ser compreendido e compreender-me. No fim sobra uma razão muito racional. Porque não conseguirei nunca dar-me por inteiro. Porque no fundo tenho medo, tenho muitos bicho papão escondidos no armário e é muito mais seguro manter as relações superficiais, pois assim, é certo que não sairei decepcionado, magoado, triste. Se parecer que dás muito, não há muitas perguntas.
É comigo que conto, é comigo que sei que posso contar... Ok, é verdade, é incrível, há quem queira o meu bem mas também é verdade que o meu bem-estar só eu posso alcançar. Para poder estar bem, teria de expor-me e eu não o posso fazer, o medo e de certa forma a vergonha de quem realmente já fui, não me permite.
Quando o mundo era quase meu, tudo se desvaneceu, sofri o que nunca sofri e quando hoje disse que sendo o mais novo era o mais experiente, ninguém conseguiu compreender a minha frase. Só Deus, aquele meu amigo que está sempre presente, sabe o caminho tortuoso que já percorremos. Por vezes carregado, por vezes sobre o olhar crítico, por muitas vezes com uma coragem estúpida de sobrevivência que acho que nenhum de nós consegue compreender a sua existência. Insistência imperceptível.
Se nós não compreendemos, como podem outros entender!? Tem sido um caminho pecaminoso, recheado de erros, de amarguras, de estupidez enfática e de muita mágoa, de uma noção precisa de tudo o que se perdeu, de tudo o que faz falta para estar de bem com a vida. Se sou feliz? Não, não sou... ser feliz é um êxtase momentâneo, não vivo de ilusões, vivo para as ilusões, esperando com muita esperança que acima de tudo um dia o sol volte a nascer em todo o seu esplendor, trazendo tudo aquilo que já tive. Se não hoje, um dia, numa nova vida, numa nova dinâmica, numa vida em que seja possível esquecer todos os erros do passado.
Estou cansado de ser uma cortina, uma fachada e de esconder os meus sentimentos. Perdi os que mais amei, perdi a dignidade, falhei na escolhas do passado e não sei como dar a volta. Hoje tudo é fútil, tudo é insignificante perante tudo o que já tive e deixei fugir.

Skank - Me Sinto tão só, me sinto tão seu.. 25 de Agosto - 10 years

1 comments:

" (...)Se sou feliz? Não, não sou... ser feliz é um êxtase momentâneo, não vivo de ilusões, vivo para as ilusões, esperando com muita esperança que acima de tudo um dia o sol volte a nascer em todo o seu esplendor, trazendo tudo aquilo que já tive.(...)"

Como eu te entendo...ou melhor...haja alguem que pense como eu...momentaneamente e não permanentemente feliz...
Não é um acaso,não é um falhanço...é a verdade.
Por muito que se fale ninguem é feliz todos os dias, todos os segundos de todos os dias...ser feliz é um sentimento momentaneo...

Contagem Ao Segundo