The Real Johnny Bravo

Histórias de um livro chamado vida

Embora tenha havido desilusões na viagem a Brighton, pois nenhuma das informações que nos foi fornecida antes da viagem fossem a verdadeira realidade com que depará-mos. A verdade é que as dificuldades, fez com que o grupo se tornasse muito unido, criando-se um laço de camaradagem que ainda hoje, sempre que casualmente nos encontramos falamos entusiasticamente desses momentos. Foi uma aventura muito gira e enriquecedora, a todos os níveis.
Ao fim da primeira semana, as minhas caminhadas para casa, já não eram feitas solitariamente. Tinha a companhia de um grupo de colegas que moravam todos na mesma zona do que eu e que optaram por acompanhar-me. Essas caminhadas eram repletas de animadas conversas e como a fome estava sempre presente, era ver-nos a surripiar o leite que o leiteiro deixava às portas das casas! Houve uma vez, numa dessas caminhadas, que duas raparigas do Porto, (uma delas vim a reencontrar, quando fui estudar para Coimbra) que tinham trazido uma garrafa do Porto de sessenta e troca o passo, para oferecer à senhoria, decidiram não a oferecer pelos maus modos como tinham sido recebidas e decidiram partilhar-la comigo e com o Hugo. Eu que já tinha experimentado vinho do Porto mas do novo, quando dei o primeiro golo, quase saltaram-me os olhos das órbitas! O Hugo com dois golos ficou logo a sentir os efeitos e era ver-lo a correr pelo jardim aos pulos e a gritar que aquela terra era uma treta, às tantas da manhã! Sabendo como são os ingleses, nunca entendi como não fomos presos!
Numa outra caminhada, quando já estava perto de casa, já estando a percorrer os últimos metros sozinho e de repente do nada quase dou um tombo, ao ser albaroado por um cão! Pensei eu que era um cão! Quando começo a olhar com mais atenção percebo que não era um cão mas sim uma raposa! Uma raposa!? Pois é! Eu morava a poucos metros da floresta e o bicharoco levava a sua ceia na boca!
Na segunda semana, decidi não ir às aulas. Tinha que estar às oito da manhã na outra ponta da cidade e para isso era necessário levantar-me todos os dias às seis! Eu estava de férias, não estava em trabalhos forçados! Os meus colegas que viviam perto de mim, aderiram à balda e no fim dessa semana fomos chamados para uma reunião com a directora da viagem, que nos quis amedrontar, dizendo que ao fim de quatro faltas, ela mandava-nos de volta para Portugal. Os outros baixaram a cabeça e eu que não sou de me ficar retorqui! Disse-lhe que se enviava-nos de volta tinha de nos reembolsar e que ainda colocaria um processo em cima por mentir-nos descaradamente sobre as condições e actividades que íamos ter! Foi remédio santo! Nunca mais vi tal personagem e as nossas faltas às aulas da manhã foram sempre negligenciadas!
ao fim de duas semanas eu e o João, já não tínhamos dinheiro, tal como a maioria dos meus colegas, pois o dinheiro que tínhamos levado era para compras e não contava-mos despender dinheiro em comidas e roupas! Era ver toda a malta, a contar trocos e a pedir dinheiro emprestado aos que ainda tinham algum! Como os meus pais não estavam em Portugal, liguei para a minha avó, que através dos contactos do meu tio ao Lloyds Bank, conseguiu fazer uma transferência para Brighton! Foi o que me safou a mim, ao meu irmão e ainda deu para ajudar uns companheiros!
Foi também em Brighton, que conheci a minha primeira paixão. Uma morena de olho verde, de sorriso dócil, com um coração enorme, ingénua e cheia de sonhos. Foram muitas as tardes a passear ou sentados o dia inteiro num café a falarmos do que éramos, do que tínhamos vivido e do que queríamos para o futuro. Mas como em tudo na vida, há um princípio, meio e fim e todo o amor de verão termina quando começam a cair as primeiras folhas de Outubro e se aproxima o frio... Foi do que melhor encontrei nessa viagem e hoje relembro essa paixão com carinho e ternura

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