É incrível o ciclo de altos e baixos que existe numa vida. O que queremos hoje, pode ser o oposto do que tanto ansiámos no passado... Vá-se lá entender a vontade do ser humano!
Quando miúdo, fui um previlegiado por ter acesso a tudo e consequentemente isso era-me atirado à cara sempre que despoletava uma discussão com o meu pai. Essas discussões acabavam sempre com o mesmo final. A refugiar-me no fundo da minha cama, sonhando, em como de bom grado, trocava tudo o que possuia para poder usufruir de um pai presente. Alguém com quem podia contar no apoio das decisões. Que fosse comigo à bola ou que estivesse presente nas minhas pequenas glórias. Tal nunca sucedeu e a infância e adolescência, passei-a sem a figura paternal que tanto ansiava.
Depois do divórcio dos meus pais, passei a usufruir de uma relação muito estreita com o meu pai. Aquilo que tanto almejei chegou de uma maneira deturpada. Talvez por necessitar de um ponto de referência familiar onde se abrigar, o meu pai apoiou-se muito na nossa relação, tornando-se a mesma algo extravagante, muitas das vezes os papeis foram trocados. Tive que tomar as rédeas da nossa relação para poder preservar o seu bem estar e muitas foram as noites passadas em claro dando sermões sobre excessos e comportamentos menos próprios.
A adolescência percorri-a repleta de namoricos, nunca me entreguei por inteiro e descontraidamente ia coleccionando relações sem futuro. Fugia sempre que encontrava alguém com vontade de se entregar por inteiro e com isso, ainda parti alguns corações. Quando entrei na idade adulta passei a olhar com ternura e inveja as relações duradouras e desejava muito, quando miúdo, ter tido a sabedoria de cultivar uma relação. Vivia a sonhar com a "minha" família e como trocava num ápice toda a vida noctívaga e de luxo, por um ambiente aconchegante de um lar nosso.
Um dia esse momento chegou, um pouco forçado pelo meu sonho de ser pai e pela vontade de alguém de ser independente dos progenitores. Foi uma altura repleta de dificuldades, onde vivia com o único objectivo de ser melhor pai, que o meu tinha sido para mim. Esqueci-me, ou melhor, a vida não me tinha ensinado que era preciso existir amor entre duas pessoas para que as coisas resultassem. As privações foram várias e com elas vieram ao de cima conflitos. Inevitável entre duas pessoas de classes sociais diferentes e com maneiras de estar na vida tão opostas. Eu conhecia o lado luxuoso da vida e não sentia falta dele, o outro lado desejava ardentemente por essa face supérflua que eu não conseguia proporcionar naquela altura. Abrutamente tudo terminou e que com isso quem mais sofria era quem eu mais tentara proteger.
A seguir, vi-me isolado durante muito tempo da lucidez necessária do querer. De objectivos para existir, vagueava pelos caminhos da vida à espera de algo que me fulminasse a ter vontades. Conformei-me com o que recebia da vida e dos outros. Fosse muito ou pouco. Não tinha projectos e não pretendia criar um futuro. Aceitava os impropérios, a castração e as criticas com indiferença. Nessa altura indagava-me sobre o que falhara no campo profissional e no campo sentimental, embora não desse relevância ao que o destino poderia guardar-me.
Foi num dia sem planos, que deixei-me impressionar por alguém que viu em mim capacidades que nem eu mesmo já era capaz de rever. Fez-me acreditar novamente, ganhei uma lufada de força interior e julguei que seria possível ser feliz sentimentalmente. Mais uma vez errei. Voltei a sonhar que o materialismo dos nossos dias não afectava os demais. A verdade é que quem nunca teve não sabe apreciar o que é o não ter e o gozo que dá a luta a percorrer para ter. As dificuldades fazem parte desse caminho e fazem com que o sucesso tenha um sabor ainda mais especial. Será tão complicado entender isso?
Nas primeiras dificuldades o timoneiro ficou sem a tripulação e revelaram-se as reais posturas de vida de outros. O barco foi apanhado numa tempestade sem ver um porto de abrigo. Mas a vida tem destas coisas, a experiência é um factor extremamente importante. O saber e o querer, ganharam mais força e não podiam dar razão às críticas e depreciações que se conjugavam à sua volta. Prometi a mim mesmo que embora a fé nas minhas capacidades tivesse desaparecido da face dos outros, um dia todas as críticas de desperdício de talento e de sucessivos insucessos seriam bem refutadas. O tempo amainou, e o barco chegou a bom porto profissional. Agora há que consolidar alicerces e recuperar o tempo perdido. Vamos dar tempo ao tempo e focar um aspecto da vida de cada vez.
Continuo a sonhar... Talvez seja possível, um dia conciliar os dois campos com sucesso mas nesta fase da vida aprendi a não voltar a abdicar do que conquistei. Custou muito voltar a estar no topo e hoje já não faço qualquer troca radical.
O calo da vida lembra-me, que o meu sucesso profissional é uma grande orgulho para todas as privações passadas e que se a vida não me bafejar noutros campos posso sempre dar-me por satisfeito por ter chegado aqui.
Quando miúdo, fui um previlegiado por ter acesso a tudo e consequentemente isso era-me atirado à cara sempre que despoletava uma discussão com o meu pai. Essas discussões acabavam sempre com o mesmo final. A refugiar-me no fundo da minha cama, sonhando, em como de bom grado, trocava tudo o que possuia para poder usufruir de um pai presente. Alguém com quem podia contar no apoio das decisões. Que fosse comigo à bola ou que estivesse presente nas minhas pequenas glórias. Tal nunca sucedeu e a infância e adolescência, passei-a sem a figura paternal que tanto ansiava.
Depois do divórcio dos meus pais, passei a usufruir de uma relação muito estreita com o meu pai. Aquilo que tanto almejei chegou de uma maneira deturpada. Talvez por necessitar de um ponto de referência familiar onde se abrigar, o meu pai apoiou-se muito na nossa relação, tornando-se a mesma algo extravagante, muitas das vezes os papeis foram trocados. Tive que tomar as rédeas da nossa relação para poder preservar o seu bem estar e muitas foram as noites passadas em claro dando sermões sobre excessos e comportamentos menos próprios.
A adolescência percorri-a repleta de namoricos, nunca me entreguei por inteiro e descontraidamente ia coleccionando relações sem futuro. Fugia sempre que encontrava alguém com vontade de se entregar por inteiro e com isso, ainda parti alguns corações. Quando entrei na idade adulta passei a olhar com ternura e inveja as relações duradouras e desejava muito, quando miúdo, ter tido a sabedoria de cultivar uma relação. Vivia a sonhar com a "minha" família e como trocava num ápice toda a vida noctívaga e de luxo, por um ambiente aconchegante de um lar nosso.
Um dia esse momento chegou, um pouco forçado pelo meu sonho de ser pai e pela vontade de alguém de ser independente dos progenitores. Foi uma altura repleta de dificuldades, onde vivia com o único objectivo de ser melhor pai, que o meu tinha sido para mim. Esqueci-me, ou melhor, a vida não me tinha ensinado que era preciso existir amor entre duas pessoas para que as coisas resultassem. As privações foram várias e com elas vieram ao de cima conflitos. Inevitável entre duas pessoas de classes sociais diferentes e com maneiras de estar na vida tão opostas. Eu conhecia o lado luxuoso da vida e não sentia falta dele, o outro lado desejava ardentemente por essa face supérflua que eu não conseguia proporcionar naquela altura. Abrutamente tudo terminou e que com isso quem mais sofria era quem eu mais tentara proteger.
A seguir, vi-me isolado durante muito tempo da lucidez necessária do querer. De objectivos para existir, vagueava pelos caminhos da vida à espera de algo que me fulminasse a ter vontades. Conformei-me com o que recebia da vida e dos outros. Fosse muito ou pouco. Não tinha projectos e não pretendia criar um futuro. Aceitava os impropérios, a castração e as criticas com indiferença. Nessa altura indagava-me sobre o que falhara no campo profissional e no campo sentimental, embora não desse relevância ao que o destino poderia guardar-me.
Foi num dia sem planos, que deixei-me impressionar por alguém que viu em mim capacidades que nem eu mesmo já era capaz de rever. Fez-me acreditar novamente, ganhei uma lufada de força interior e julguei que seria possível ser feliz sentimentalmente. Mais uma vez errei. Voltei a sonhar que o materialismo dos nossos dias não afectava os demais. A verdade é que quem nunca teve não sabe apreciar o que é o não ter e o gozo que dá a luta a percorrer para ter. As dificuldades fazem parte desse caminho e fazem com que o sucesso tenha um sabor ainda mais especial. Será tão complicado entender isso?
Nas primeiras dificuldades o timoneiro ficou sem a tripulação e revelaram-se as reais posturas de vida de outros. O barco foi apanhado numa tempestade sem ver um porto de abrigo. Mas a vida tem destas coisas, a experiência é um factor extremamente importante. O saber e o querer, ganharam mais força e não podiam dar razão às críticas e depreciações que se conjugavam à sua volta. Prometi a mim mesmo que embora a fé nas minhas capacidades tivesse desaparecido da face dos outros, um dia todas as críticas de desperdício de talento e de sucessivos insucessos seriam bem refutadas. O tempo amainou, e o barco chegou a bom porto profissional. Agora há que consolidar alicerces e recuperar o tempo perdido. Vamos dar tempo ao tempo e focar um aspecto da vida de cada vez.
Continuo a sonhar... Talvez seja possível, um dia conciliar os dois campos com sucesso mas nesta fase da vida aprendi a não voltar a abdicar do que conquistei. Custou muito voltar a estar no topo e hoje já não faço qualquer troca radical.
O calo da vida lembra-me, que o meu sucesso profissional é uma grande orgulho para todas as privações passadas e que se a vida não me bafejar noutros campos posso sempre dar-me por satisfeito por ter chegado aqui.
0 comments:
Enviar um comentário