
Em noventa e cinco o meu irmão tinha acabado de tirar a carta e eu tinha saído do hospital em Abril. Foi-me dada alta com a perna esquerda engessada, com previsão de um ano até ser removido. Na minha mente, só ponderava participar no rali desse ano como co-piloto do João ou do meu pai, e mesmo assim só o faria para agrado do meu pai. Na cabeça do meu pai, ele achava que era bom eu participar, mesmo que não forçasse o andamento, o que importava era participar. Fui-me recusando a pilotar no rali. Não estava em condições fisicas para conduzir depressa e tinha medo de poder prejudicar-me. Acabei por ceder às pretensões do meu pai e deixei-o inscrever-me.
Durante um mês o meu pai, não falava de outra coisa. todas as conversas desembocavam no rali e como pela primeira vez ia participar o "clã" Manique. Para não dar mais ideias ao meu pai, eu recusei-me a levar o Crx. Participava sim, mas com o Corsa. Assim não lhe dava uma desculpa para pedir-me para disputar o rali para vencer. Tendo-me recusado a levar o Crx era preciso arranjar um carro para o João e foi reservado um Twingo para aluguar em Coimbra.
No dia de arranque para Coimbra, o meu pai saiu à frente com a Elsa Steglich, sua namorada da altura e co-piloto, enquanto eu ia buscar o Ivo e o meu irmão. Tinha combinado com eles em Alvalade num café por baixo da casa do Ivo. Iriamos os três no meu carro para cima. Ao chegar a Alvalade, à hora combinada o Ivo estava atrasado como sempre e comecei a ligar ao meu irmão. O telefone tocava e nada! O Ivo desceu e fomos tomar café. Passei as duas horas seguintes a ligar para casa da minha mãe e nada de resposta. Já fartos de esperar, comecei a ponderar passar em casa da minha mãe. Voltei a fazer uma última tentativa. Atende-me o João com voz de sono, tinha-se deitado tarde e não ouvira o telefone. Disse-lhe para se despachar rapidamente e para ir ter ao café, estavamos mais do que atrasados. Passou-se mais uma hora e nada do João aparecer! Entretanto, recebo um telefonema do meu pai preocupado conosco, contei-lhe o que se sucedia e ele disse-me para me vir embora. Respondi que ia dar ao João mais meia hora depois disso seguia viagem.
Quando estava prestes a vir-me embora o João chegou, com a maior cara de paú. Dei-lhe uma descompostura e preparava-me para ir-me embora, quando ele me comunica que ainda teria de voltar a casa para fazer a mala. Perdi as estribeiras e disse-lhe para ele fazer a viagem como quissese pois de certeza que comigo não a faria, pois recusava-me a esperar mais um minuto por ele! Já se tinham passado três horas desde a hora combinada! Sua excelência, saí-se com o seguinte comentário: - Por mim nem vou. Eu até nem queria ir! Foi a gota-de-àgua! Vim-me embora e liguei logo ao meu pai a contar a história.
A minha participação no rali estava a ser de uma postura de passeio e tinha dito em alto e bom som, para toda a gente ouvir-me, que iria fazer a prova de perícia devagar. Esta é a última fase do rali e na qual se encontram os resultados. Todo o resto da prova é de uma postura de convívio e todos cumprem o mesmo tempo. Quando chegou a minha altura de entrar para a perícia, olhei para o meu pai e vi uma certa amargura por não se cumprir o seu sonho. Tomei uma decisão e pensei bem na asneira que ia fazer. Não disse-lhe nada.
Mesmo antes do Ivo sair do carro, para eu começar a minha participação. Virei-me para ele e disse-lhe só isto: - Vou dar tudo por tudo, pelo menos a ver se o meu pai ficar contente. Ele respondeu-me: - Achas que é boa ideia, estando tu nesse estado? Só tive tempo para dizer: - Não! Mas tem de ser.
Foi o minuto e quarenta e nove segundos, mais longo da minha vida. Acabei a participação e não tinha forças para sair do carro, todo eu pingava do suor. Fiquei sentado no carro uns bons dez minutos a tentar recuperar forças. A primeira pessoa a vir ter comigo foi o Ivo. Pergunto-me se estava bem, fiz sinal de mais ou menos. Ele sorriu e disse-me: - Tens o melhor tempo e só faltam mais cinco concorrentes! Não quis acreditar, tinha a sensação que tinha corrido bem, mas nunca imaginei ser possível bater os tempos dos Coopers. Esta notícia deu-me animo e sai do carro para ir ter com o meu pai que estava sentado ao lado do Ni. Quando me acercei deles, não me disseram nada. Nem um, nem outro. Sentei-me ao lado deles a apreciar as outras participações que faltavam, mas eu bem que vi a troca de olhares entre eles e pensei: - Pronto, o meu papel está feito. Fizeste bem!
A espera pelos fim das restantes participações parecia-me uma eternidade. Fui-me embora sem saber os resultados finais, precisava de descansar. Eram umas cinco da tarde e tinha de estar pronto às nove para o jantar de entrega de prémios. Cheguei ao hotel e caí que nem uma pedra na cama. Não me dei, sequer ao trabalho de tirar a roupa. Não tinha forças. O Ivo acordou-me, faltava um quarto de hora para as nove. Não teve coragem para acordar-me antes, passei o tempo que estive a dormir a gemer com dores e ele simplesmente percebeu que eu necessitava de descansar e teve pena de me acordar antes.
É com muito gosto que recordo o momento em que recebi o meu troféu. Foi das mãos do meu pai que o recebi. Foi um abraço muito sentido, de ambas as partes. O mais caricato da situação foi ver a cara de muita boa gente, quando subi ao palanque em canadianas. Pensavam que o Ivo é que ia a conduzir e eu seria o co-piloto! Passei uma boa hora a tentar explicar a muita gente que afinal era eu o condutor!
Durante um mês o meu pai, não falava de outra coisa. todas as conversas desembocavam no rali e como pela primeira vez ia participar o "clã" Manique. Para não dar mais ideias ao meu pai, eu recusei-me a levar o Crx. Participava sim, mas com o Corsa. Assim não lhe dava uma desculpa para pedir-me para disputar o rali para vencer. Tendo-me recusado a levar o Crx era preciso arranjar um carro para o João e foi reservado um Twingo para aluguar em Coimbra.
No dia de arranque para Coimbra, o meu pai saiu à frente com a Elsa Steglich, sua namorada da altura e co-piloto, enquanto eu ia buscar o Ivo e o meu irmão. Tinha combinado com eles em Alvalade num café por baixo da casa do Ivo. Iriamos os três no meu carro para cima. Ao chegar a Alvalade, à hora combinada o Ivo estava atrasado como sempre e comecei a ligar ao meu irmão. O telefone tocava e nada! O Ivo desceu e fomos tomar café. Passei as duas horas seguintes a ligar para casa da minha mãe e nada de resposta. Já fartos de esperar, comecei a ponderar passar em casa da minha mãe. Voltei a fazer uma última tentativa. Atende-me o João com voz de sono, tinha-se deitado tarde e não ouvira o telefone. Disse-lhe para se despachar rapidamente e para ir ter ao café, estavamos mais do que atrasados. Passou-se mais uma hora e nada do João aparecer! Entretanto, recebo um telefonema do meu pai preocupado conosco, contei-lhe o que se sucedia e ele disse-me para me vir embora. Respondi que ia dar ao João mais meia hora depois disso seguia viagem.
Quando estava prestes a vir-me embora o João chegou, com a maior cara de paú. Dei-lhe uma descompostura e preparava-me para ir-me embora, quando ele me comunica que ainda teria de voltar a casa para fazer a mala. Perdi as estribeiras e disse-lhe para ele fazer a viagem como quissese pois de certeza que comigo não a faria, pois recusava-me a esperar mais um minuto por ele! Já se tinham passado três horas desde a hora combinada! Sua excelência, saí-se com o seguinte comentário: - Por mim nem vou. Eu até nem queria ir! Foi a gota-de-àgua! Vim-me embora e liguei logo ao meu pai a contar a história.
A minha participação no rali estava a ser de uma postura de passeio e tinha dito em alto e bom som, para toda a gente ouvir-me, que iria fazer a prova de perícia devagar. Esta é a última fase do rali e na qual se encontram os resultados. Todo o resto da prova é de uma postura de convívio e todos cumprem o mesmo tempo. Quando chegou a minha altura de entrar para a perícia, olhei para o meu pai e vi uma certa amargura por não se cumprir o seu sonho. Tomei uma decisão e pensei bem na asneira que ia fazer. Não disse-lhe nada.
Mesmo antes do Ivo sair do carro, para eu começar a minha participação. Virei-me para ele e disse-lhe só isto: - Vou dar tudo por tudo, pelo menos a ver se o meu pai ficar contente. Ele respondeu-me: - Achas que é boa ideia, estando tu nesse estado? Só tive tempo para dizer: - Não! Mas tem de ser.
Foi o minuto e quarenta e nove segundos, mais longo da minha vida. Acabei a participação e não tinha forças para sair do carro, todo eu pingava do suor. Fiquei sentado no carro uns bons dez minutos a tentar recuperar forças. A primeira pessoa a vir ter comigo foi o Ivo. Pergunto-me se estava bem, fiz sinal de mais ou menos. Ele sorriu e disse-me: - Tens o melhor tempo e só faltam mais cinco concorrentes! Não quis acreditar, tinha a sensação que tinha corrido bem, mas nunca imaginei ser possível bater os tempos dos Coopers. Esta notícia deu-me animo e sai do carro para ir ter com o meu pai que estava sentado ao lado do Ni. Quando me acercei deles, não me disseram nada. Nem um, nem outro. Sentei-me ao lado deles a apreciar as outras participações que faltavam, mas eu bem que vi a troca de olhares entre eles e pensei: - Pronto, o meu papel está feito. Fizeste bem!
A espera pelos fim das restantes participações parecia-me uma eternidade. Fui-me embora sem saber os resultados finais, precisava de descansar. Eram umas cinco da tarde e tinha de estar pronto às nove para o jantar de entrega de prémios. Cheguei ao hotel e caí que nem uma pedra na cama. Não me dei, sequer ao trabalho de tirar a roupa. Não tinha forças. O Ivo acordou-me, faltava um quarto de hora para as nove. Não teve coragem para acordar-me antes, passei o tempo que estive a dormir a gemer com dores e ele simplesmente percebeu que eu necessitava de descansar e teve pena de me acordar antes.
É com muito gosto que recordo o momento em que recebi o meu troféu. Foi das mãos do meu pai que o recebi. Foi um abraço muito sentido, de ambas as partes. O mais caricato da situação foi ver a cara de muita boa gente, quando subi ao palanque em canadianas. Pensavam que o Ivo é que ia a conduzir e eu seria o co-piloto! Passei uma boa hora a tentar explicar a muita gente que afinal era eu o condutor!
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