Através dos outros conseguimos entender quem somos. Em 2009, foi curioso como alguns amigos do passado, acabaram por reentrar no dia-a-dia, pela simples razão da proximidade de residência. Embora também tenha mudado de residência, reencontro-me no bairro que me viu crescer.
Um desses amigos voltou à casa mãe, embora que temporariamente e isso fez com que se torne mais fácil os nossos encontros. Perdemos o rasto um do outro, já faz alguns anos, reencontramos-nos há ano e picos, por mera coincidência num café do bairro. A partir desse dia, foi mais fácil tornar a convivência mais activa. No outro dia, lá fomos tomar um café mais prolongado para podermos relatar um ao outro, o que aconteceu nestes anos de ausência, como se estivéssemos a pôr a conversa a par de um interregno de dias.
É com agrado que revejo-o a trabalhar no que gosta, a ter novos projectos e com uma filhota de dois anos. Já em final de percurso, à porta do restaurante onde ia jantar, recebi um espelho de quem fui. Debatíamos uma outra relação de amizade e os porquês dessa amizade de infância ter dispersado. Ambos chegámos à mesma conclusão. Cada um gere as emoções à sua maneira mas a amizade não deve descurar a presença em momentos complicados e o meu sábio amigo terminou a conversa com esta frase: "Lembro-me de estar a jogar à bola e começar a chorar, lembrei-me de ti e percebi que nunca mais poderias jogar na vida"
Quem me conhece desde infância, sabe o quanto eu vivia para o futebol. Hoje não sinto essa falta, aprendi a lidar com ela, a aceitar o facto de que é algo impossível para mim. Há sempre uma solução para que as roturas sejam amenizadas, por isso continuo a viver o futebol, por fora, como torcedor, como adepto do meu clube mas acima de tudo, do desporto em si.
Assim como com o futebol, felizmente tenho encontrado antídotos para amenizar desgostos e se calhar é por isso, que ao entrar no restaurante, olhei para o meu reflexo no espelho. Estava a sorrir, um sorriso que espelha a sensação de que tem sido um percurso bonito.
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