The Real Johnny Bravo

Histórias de um livro chamado vida

Estava aconchegante em lençóis de fresco, edredão convidativo a dar asas à realização de um sonho. Nesse sono profundo, visualizava o momento único do que quero para o futuro.
Eram linhas de uma arquitectura minimalista, envolvida por amplas janelas rasgadas, dando uma noção de relação intima entre o interior e o exterior. Era final de dia e sentia-se que lá fora, o orvalho impunha o término do guerreiro sol. Imunes ao anúncio, reservados à primeira fila do espectáculo, refastelados num sofá de tons claros, contemplava as pequenas labaredas que dançam na lareira, recordando o sentido da palavra lar.
O dia tinha sido longo. Um almoço convívio ao ar livre, num tapete verde imaculado, a dispersar um cheiro florestal, que enchia o apetite para os petiscos que deambulavam numa valsa sincronizada e ensaiada tantas vezes. Um final de tarde a debater ideias, a jogar pensamentos e risadas, terminando com uma partida de snooker e o jogo do Benfica na tela. Vitória esmagadora para rematar. Abraços, beijos, despedidas e planos para o próximo convívio.
Foi um bom dia mas é hora de recolher ao sono dos justos. Antes, subir os degraus ao primeiro andar, para verificar que o quarto cor-de-rosa acolhe o mundo dos sonhos. Selar a vigia com um beijo ao de leve, uma carícia pelos cabelos de laivos doirados e compor os lençóis. Caminhando para o quarto, já o calor humano preenche a morada do meu sono. Um entrelaçar de corpos, num carinho terno, movimento sincronizado de uma existência duradoira e enquanto os olhos cerram-se, ainda há tempo para um último desejo. Que este seja um momento perpétuo do futuro.