The Real Johnny Bravo

Histórias de um livro chamado vida

Outro dia num confronto genuíno de preocupação, diziam-me: Não fumes, assim temos menos tempo para nós. Parei um segundo e expressei a minha opinião, a minha filosofia de vida: Não interessa a quantidade mas a qualidade de tempo.
Costuma-se dizer que só quando estamos no fio da navalha, é que passamos a dar valor às coisas importantes, à vida em si. Talvez, por ter-me deparado com esse momento, numa fase precoce da vida, passei a apreciar as coisas de outra forma, a dar valor a pequenos momentos, pequenos nadas que todos dão como garantidos, sem terem a noção do seu valor.
Não é que eu não saiba que comer fritos faz mal ao colesterol, que fumar tira-me anos de vida, que beber bebidas alcoólicas deterioriza-me o fígado, que ficar acordado até tarde e dormir pouco provoca fadiga muscular mas todas as opções tomadas são decisões conscientes, são decisões que faço consciente dos prós e dos contras. Pode não ser a melhor opção, podem até discordar mas é a minha maneira de desfrutar da vida e só por ser uma decisão consciente, deve ser respeitada.
Tenho o pecado da gula, gosto de beber, de fumar, de ficar a conviver até tarde, de passar horas no computador. Tantas coisas prejudiciais à saúde mas que fazem-me feliz, fazem bem ao espírito. Por isso suscita-me irritação, quando vejo que a fruta já não sabe ao que sabia quando eu era miúdo, pois agora utiliza-se químicos para tornar a fruta mais saudável mas sem sabor. Faz-me confusão, que proliferem tantas lojas gourmet, com preços exorbitantes, onde compramos aquilo que era natural encontrar na mercearia do bairro. Acho irracional, que hoje em dia as pessoas se preocupem tanto com a saúde, ao ponto de a comida ter deixado de ter aquele sabor apetitoso que entrava pelo corpo, com os seus cheiros deliciosos, quando sentávamos em casa dos nossos avós a usufruir de uma refeição de fim-de-semana, para passarem a saber a plástico, a não saberem a nada. É saudável, dizem... é saudável depende do ponto de vista.
Será que sou o único a questionar, que se os cuidados médicos que existem hoje em dia, proliferassem no tempo dos meus avós, estes teriam uma maior longevidade, independentemente do que comiam? Porque a verdade, é que as pessoas tinham uma taxa de mortalidade maior, devido aos fracos cuidados médicos, não porque comiam, bebiam ou fumavam. O facto final é que nos dias que correm, vivemos mais mas não temos qualidade de vida e isso para mim não me satisfaz e chego à conclusão que prefiro mil vezes ter sensações de prazer genuíno, que todas as gorduras, óleos, fumos, alcool, proporcionam, a viver confinado a uma castração desses sentimentos. A vida é feita para sentir-se e eu sou dependente de sensações. Não interessa quantos anos de vida vamos ter, mas quantos anos de qualidade vamos viver.

Contagem Ao Segundo