The Real Johnny Bravo

Histórias de um livro chamado vida

Não vou guardar saudades tuas mas não esquecerei os momentos que vivemos. Foi intenso, cruel, repleto de dúvidas, de mágoas e até mesmo desesperante mas obrigado. Obrigado por mostrares o que é a reclusão, a realidade da sobrevivência num mundo selvagem recheado de violencia. Obrigado por recordares, que devemos sempre ser gratos pelas pequenas coisas, que no dia-a-dia damos como garantidas. Como tomar um banho de água quente ou apenas passar uma noite sem frio.
Obrigado por lembrares que podemos ir sempre um pouco mais fundo no fundo do poço. Onde as coisas boas são raras e espontâneas e as más notícias fluem incessantemente. Obrigado por colocares à prova o optimismo, a esperança e a força interior para superar todas as privações.
Obrigado por me fazeres mais forte, mesmo quando estive à beira do precipício da insanidade e físicamente ofereceste uma doença crónica para acompanhar-me no resto da minha existência. Já tinha poucos problemas de saúde, não era?
Obrigado por um ano de nadas e de tudo. De nada ter e de tudo mudar para pior. De muita perda e resiliência. Perda de orgulho, privacidade, dignidade. Resiliência em sobreviver, continuar a lutar e a acreditar num futuro melhor.
Obrigado pela saudade, daqueles a quem fechaste a luz, dos que partem ou apenas apartam. Obrigado pela solidão, o marasmo e a rotina de inadaptado. Obrigado por recordares, que não sou escolha, apenas fardo.
O que teria sido de mim, se tu não tivesses existido? Vai, vai rápido, que já vais tarde, e apenas desejo, que ao ano que cedes lugar, seja o oposto de ti.
Adeus 2016