Hoje chorei muito. Pela primeira vez, eu e a minha mãe, falámos abertamente sobre os meus acidentes de uma forma natural. Revivemos cada detalhe, relatámos como alterou para sempre quem nós somos. Senti a sua dor, senti a nossa dor, dei por mim angustiado pelo mal que causei aos que mais amo.
Recordei o meu anjo da guarda, que deixou-me amputado e o peso que a sua promessa tem em cada dia que vivo. Que promessa tão estúpida, uma riqueza de vida desperdiçada com alguém que não é merecedor.
Hoje deveria sentir-me muito feliz, sou acolhido no seio da minha família como há muito não acontecia. Sinto-me amado, foi um Natal em pleno, rodeado de mimos, abraços e beijos mas não deixo de sentir profunda tristeza.
A névoa negra que envolve o horizonte, não agoira bom futuro. Tenho saudades de nós, o que não daria para ter as minhas meninas a celebrar o auge familiar do meu lado. Eu sei, o quanto é utópico mas elas serão sempre a minha Princesa e Rainha, donas do meu mundo. Preocupado que estou com o meu irmão e os meus sobrinhos. O que guardará o futuro para eles? Não quero estar longe dos meus sobrinhos, são eles que voltaram a dar sentido ao Natal, que amenizam a ausência do meu filho. Já não basta sentir falta da Princesa, também tenho de perder-los? E a bomba que ainda não larguei, que irá mexer com os alicerces de todos? Não era justo comunicar num momento de harmonia e felicidade.
Vida madrasta, que teimas em fazer sofrer. Faz uma pausa, acalenta a esperança de um futuro, não pintes de cinza o que merece ser colorido.
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MM design
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