Uma relação autêntica, sincera, real, não se mede em palavras mas pela sua intensidade. Quando genuína, na sua pura essência, nem a vida, o mundo, a distância ou o tempo conseguem dissolver. Há almas que se completam, que se elevam de tal forma, a um limiar sublime, que nem a falta de equilíbrio do momento consegue corromper com distância. São almas que mesmo apartadas, sorvem a mesma ânsia de saudade da sua metade. São corpos racionais que quando resguardados nos seus sonhos almejam por outro desfecho da vida.
A angustia da distância não esmorece o sentimento de incompleto. Roçar a perfeição da simbiose de duas almas, não é corrigível através de uma ausência forçada ou na insistência de uma dor constante. Apenas o sentido de sobrevivência emanado da profundeza do ser, consegue manter viva uma chama de essência, que sem nunca ser fogo, não esmorece no vazio, perfilando-se como salvação sem nunca ser merecedora da denominação de luz. Há que continuar a respirar, mesmo que o ar já não tenha aquele aroma que oferece cor à vida.
Eu sou um deficiente, que sofreu a mutilação da outra metade do meu ser. Sobreviver, é a intenção de existir, que correndo no pulsar das veias, é insuportável na consciência da privação da metade que se ausentou de mim. Sou um círculo incompleto, uma figura geométrica inacabada, imperfeita. E essa imperfeição reside como factor preponderante em cada fôlego e segundo da minha existência.
A forma circular de um anel, sem começo nem fim, símbolo dos ciclos, da eternidade e da união, é a tatuagem que reside na minha essência, não no dedo mas na profundeza da minha alma. É o infinito da certeza ou a certeza do infinito, que esmaga a forma e contempla na mesma proporção o dia cinzento desprovido de cor que abunda a minha vida.
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