The Real Johnny Bravo

Histórias de um livro chamado vida


Uma relação autêntica, sincera, real, não se mede em palavras mas pela sua intensidade. Quando genuína, na sua pura essência, nem a vida, o mundo, a distância ou o tempo conseguem dissolver. Há almas que se completam, que se elevam de tal forma, a um limiar sublime, que nem a falta de equilíbrio do momento consegue corromper com distância. São almas que mesmo apartadas, sorvem a mesma ânsia de saudade da sua metade. São corpos racionais que quando resguardados nos seus sonhos almejam por outro desfecho da vida.
A angustia da distância não esmorece o sentimento de incompleto. Roçar a perfeição da simbiose de duas almas, não é corrigível através de uma ausência forçada ou na insistência de uma dor constante. Apenas o sentido de sobrevivência emanado da profundeza do ser, consegue manter viva uma chama de essência, que sem nunca ser fogo, não esmorece no vazio, perfilando-se como salvação sem nunca ser merecedora da denominação de luz. Há que continuar a respirar, mesmo que o ar já não tenha aquele aroma que oferece cor à vida.
Eu sou um deficiente, que sofreu a mutilação da outra metade do meu ser. Sobreviver, é a intenção de existir, que correndo no pulsar das veias, é insuportável na consciência da privação da metade que se ausentou de mim. Sou um círculo incompleto, uma figura geométrica inacabada, imperfeita. E essa imperfeição reside como factor preponderante em cada fôlego e segundo da minha existência.
A forma circular de um anel, sem começo nem fim, símbolo dos ciclos, da eternidade e da união, é a tatuagem que reside na minha essência, não no dedo mas na profundeza da minha alma. É o infinito da certeza ou a certeza do infinito, que esmaga a forma e contempla na mesma proporção o dia cinzento desprovido de cor que abunda a minha vida.