Nesta que é considerada por muitos, a noite em que por breves momentos esquecemos as nossas diferenças, os erros e as mágoas, chorei. Choro não porque esteja feliz, pois quem me conhece sabe que este deixou há muito, muito tempo de ser um dia especial para mim. Choro de alívio. Já lá voltamos. Quero antes de mais clarificar, o porque de esta ser uma noite sem significado para mim.
Há 15 anos, passei o meu primeiro Natal, num hospital. Fui operado a 23 de Dezembro de 1993, a consoada foi pela primeira vez passada longe de quem eu amava. Os meus pais, os meus avós, os meus tios e primos. Tive direito a um beijo da minha mãe na véspera de Natal, eram 15h00. Foi sem dúvida a última verdadeira prenda que recebi. Nessa noite, sinónimo de paz, amor e tolerância, onde a distância dos meus e a noção que também era o culpado por eles não estarem a celebrar, assisti em directo à primeira morte da minha vida. Lembro de fechar os olhos, de pensar que não era justo, que se era para ser assim, mais valia ter sido eu. Foi a única vez na minha existência que o pensamento da morte, entrou na minha cabeça. Mas tal como a vida demonstra-me a cada passo, amanhã é um novo dia. Assim tem sido passados 15 anos. Continuo por cá sem remorsos, à espera de um novo dia, sempre com esperança nas pessoas, nas suas atitudes e num futuro risonho.
Nos cinco anos seguintes, a consoada foi também passada em hospitais. Era a altura ideal para ser operado, devido às férias escolares. Perdia menos tempo de aulas, perdia também, aos poucos, a réstia dessa sensação que assola todos que vivem esta noite. Nestes 15 anos, tive o desprazer de ter de sobreviver à noite de Natal por quatro vezes.
A primeira, fez com que estivesse de serviço, a amaldiçoar o meu triste consentimento em ser o chefe para a família. Supostamente seriamos três. Acabámos por ser nove a jantar e mais seis para a sobremesa. À meia-noite, já eu queria deitar-me. Às 2 da manhã, já no limite das forças, recordo-me de dizer ao meu primo: - Quando vais-te embora? Já é tarde, já todos se foram embora! e receber a resposta:- Quando o teu pai acabar de servir-me. Infelizmente a garrafa, só acabou às 6 da manhã! Para vingança, bebia vat69 a pensar que era whisky xpto, da casa do tio Luís!
A segunda foi marcada, pela esperança. Estávamos em 1999 e tive de ir ao fundo do baú buscar as forças todas e colocar o maior sorriso do mundo. Nesse ano, acreditei que o meu sentimento natalício voltaria a reacender-se. Andava animado, era o primeiro ano em que seria literalmente considerado a segunda geração mas foi-me roubado no último instante esse prazer. Jantei e passei a meia-noite sozinho e para mal dos meus pecados ainda tive de colocar a máscara, quando mais tarde visitei a casa da minha mãe, para o acto final. Sim também eu, já tive de representar o papel da família feliz.
Passados alguns anos, voltei a ter de estar presente numa noite de Natal. Estávamos em 2004 e como vivia em casa de uma ex-companheira, tive forçosamente de desfrutar do momento. Foi estranho, pois mais pareceu uma festa de copos. Um grupo de pessoas estranhas, jantarada, tocar guitarradas e dançar. Sensação no mínimo estranha, para não dizer atípica de costumes com a data em si. A última vez, passou-se no ano seguinte, quando tive que à última da hora comparecer forçosamente em casa da namorada do meu pai. Três pessoas, sem já nada em comum e com a nítida sensação, que todo aquele momento era forçado. Para isto mais vale estar sozinho.
Conclusão. Enfim, entendo que haja sempre pessoas novas, que vou conhecendo pelo caminho, que fiquem chocadas com este meu completo desinteresse com o Natal. Aqueles que lidam comigo há anos, já sabem que nem vale a pena tocar no assunto. Trocamos mensagens, telefonemas mas nem referem o lugar onde vou estar nessa noite. Já conhecem as minhas ideias e a minha postura. Mais vale sozinho do que mal acompanhado, sem espírito para a coisa e a aturar pessoas que não me apetece ver. Este ano, por incrível que pareça, até para espanto próprio, senti um leve reavivar do espírito, mesmo tendo perdido à uma questão de dias um dos meus ídolos, fui às compras! Sim, eu que abomino centros comerciais, por lá passeie de sorriso na cara, mas logo passou-me o vírus.
Hoje já sentia-me restituído, igual a mim mesmo. Levantei-me de ressaca (maldito escuta e a sangria da laranja!), fui tomar o meu pequeno-almoço, ler o jornal calmamente e cruzar-me com a minha mãe ao fim da tarde, como sempre, após uma curiosa pergunta. Dois beijos, uma troca de carinho e um até amanhã, com algum sentido. Estive pela net, a enviar as felicitações a todos, a ver episódios da minha série favorita, a jogar o meu jogo online (aconselho a todos :D) e por fim, quando o sentimento de culpa, já fazia-se pesar e estava tentado a dar-me como culpado, chegou a prenda de natal. Um alívio, que demonstrou-me que afinal não fui intolerante, que não estava errado, não fui radial e que o meu intuito continua apurado como sempre. Chorei mas chorei de alívio, porque já não me sinto culpado. Obrigado ao portador da boa-nova, foi um alívio e uma verdadeira prenda de Natal. Afinal não havia razão para não dormir. A consciência estava tranquila, só eu que ainda não tinha a certeza absoluta.
Aos verdadeiros amigos desejo, felicidades, harmonia e muita saúde. Para mim, desejo que 2009 seja mesmo o meu ano, como previu a minha querida "Maya de Segunda" (N.º 9, cá está! 9, 2009, certo?) e que amanhã continue a ser sempre longe demais. Se assim quiser será o ano da PDL!
Há 15 anos, passei o meu primeiro Natal, num hospital. Fui operado a 23 de Dezembro de 1993, a consoada foi pela primeira vez passada longe de quem eu amava. Os meus pais, os meus avós, os meus tios e primos. Tive direito a um beijo da minha mãe na véspera de Natal, eram 15h00. Foi sem dúvida a última verdadeira prenda que recebi. Nessa noite, sinónimo de paz, amor e tolerância, onde a distância dos meus e a noção que também era o culpado por eles não estarem a celebrar, assisti em directo à primeira morte da minha vida. Lembro de fechar os olhos, de pensar que não era justo, que se era para ser assim, mais valia ter sido eu. Foi a única vez na minha existência que o pensamento da morte, entrou na minha cabeça. Mas tal como a vida demonstra-me a cada passo, amanhã é um novo dia. Assim tem sido passados 15 anos. Continuo por cá sem remorsos, à espera de um novo dia, sempre com esperança nas pessoas, nas suas atitudes e num futuro risonho.

Nos cinco anos seguintes, a consoada foi também passada em hospitais. Era a altura ideal para ser operado, devido às férias escolares. Perdia menos tempo de aulas, perdia também, aos poucos, a réstia dessa sensação que assola todos que vivem esta noite. Nestes 15 anos, tive o desprazer de ter de sobreviver à noite de Natal por quatro vezes.
A primeira, fez com que estivesse de serviço, a amaldiçoar o meu triste consentimento em ser o chefe para a família. Supostamente seriamos três. Acabámos por ser nove a jantar e mais seis para a sobremesa. À meia-noite, já eu queria deitar-me. Às 2 da manhã, já no limite das forças, recordo-me de dizer ao meu primo: - Quando vais-te embora? Já é tarde, já todos se foram embora! e receber a resposta:- Quando o teu pai acabar de servir-me. Infelizmente a garrafa, só acabou às 6 da manhã! Para vingança, bebia vat69 a pensar que era whisky xpto, da casa do tio Luís!
A segunda foi marcada, pela esperança. Estávamos em 1999 e tive de ir ao fundo do baú buscar as forças todas e colocar o maior sorriso do mundo. Nesse ano, acreditei que o meu sentimento natalício voltaria a reacender-se. Andava animado, era o primeiro ano em que seria literalmente considerado a segunda geração mas foi-me roubado no último instante esse prazer. Jantei e passei a meia-noite sozinho e para mal dos meus pecados ainda tive de colocar a máscara, quando mais tarde visitei a casa da minha mãe, para o acto final. Sim também eu, já tive de representar o papel da família feliz.
Passados alguns anos, voltei a ter de estar presente numa noite de Natal. Estávamos em 2004 e como vivia em casa de uma ex-companheira, tive forçosamente de desfrutar do momento. Foi estranho, pois mais pareceu uma festa de copos. Um grupo de pessoas estranhas, jantarada, tocar guitarradas e dançar. Sensação no mínimo estranha, para não dizer atípica de costumes com a data em si. A última vez, passou-se no ano seguinte, quando tive que à última da hora comparecer forçosamente em casa da namorada do meu pai. Três pessoas, sem já nada em comum e com a nítida sensação, que todo aquele momento era forçado. Para isto mais vale estar sozinho.
Conclusão. Enfim, entendo que haja sempre pessoas novas, que vou conhecendo pelo caminho, que fiquem chocadas com este meu completo desinteresse com o Natal. Aqueles que lidam comigo há anos, já sabem que nem vale a pena tocar no assunto. Trocamos mensagens, telefonemas mas nem referem o lugar onde vou estar nessa noite. Já conhecem as minhas ideias e a minha postura. Mais vale sozinho do que mal acompanhado, sem espírito para a coisa e a aturar pessoas que não me apetece ver. Este ano, por incrível que pareça, até para espanto próprio, senti um leve reavivar do espírito, mesmo tendo perdido à uma questão de dias um dos meus ídolos, fui às compras! Sim, eu que abomino centros comerciais, por lá passeie de sorriso na cara, mas logo passou-me o vírus.
Hoje já sentia-me restituído, igual a mim mesmo. Levantei-me de ressaca (maldito escuta e a sangria da laranja!), fui tomar o meu pequeno-almoço, ler o jornal calmamente e cruzar-me com a minha mãe ao fim da tarde, como sempre, após uma curiosa pergunta. Dois beijos, uma troca de carinho e um até amanhã, com algum sentido. Estive pela net, a enviar as felicitações a todos, a ver episódios da minha série favorita, a jogar o meu jogo online (aconselho a todos :D) e por fim, quando o sentimento de culpa, já fazia-se pesar e estava tentado a dar-me como culpado, chegou a prenda de natal. Um alívio, que demonstrou-me que afinal não fui intolerante, que não estava errado, não fui radial e que o meu intuito continua apurado como sempre. Chorei mas chorei de alívio, porque já não me sinto culpado. Obrigado ao portador da boa-nova, foi um alívio e uma verdadeira prenda de Natal. Afinal não havia razão para não dormir. A consciência estava tranquila, só eu que ainda não tinha a certeza absoluta.
Aos verdadeiros amigos desejo, felicidades, harmonia e muita saúde. Para mim, desejo que 2009 seja mesmo o meu ano, como previu a minha querida "Maya de Segunda" (N.º 9, cá está! 9, 2009, certo?) e que amanhã continue a ser sempre longe demais. Se assim quiser será o ano da PDL!
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