Em noventa e quatro apareceu um cd de tributo ao Zéca Afonso, vinte bandas portuguesas recompilaram os exitos deste músico. Por altura do verão, o sucesso do disco era supreendente, tendo surgido à posterior a ideia de juntar todas as bandas num mega concerto no velhinho estádio de Alvalade.
Eu ainda andava em recuperação do primeiro acidente e embora já conseguisse dar uns passos com as canadianas, não tinha equílibrio e maioritariamente percorria as distâncias em cadeira de rodas mas mesmo assim fiz questão de ir ao concerto! Programei de ir com o Ivo, o Bruno Reis e o meu irmão, a minha mãe ia nos levar e buscar e desde que eu me mantivesse num local mais resguardado, não deveria acontecer nada que colocasse em causa a minha integridade. O Ivo que andava excitadíssimo porque também ia lá estar a rapariga de quem ele gostava, não se calou o tempo todo a falar da miúda. Nós não a conheciamos mas já enjoava de tanta descrição!
Ao chegar ao estádio fiquei logo todo animado com aquela azáfama de gente, as roulottes e as barraquinhas de venda de merchandising. Mais radiante fiquei quando o segurança nos indicou o caminho de entrada pelo backstage, pois os portadores de deficiências entravam por aquele local! A perspectiva de poder privar de perto com todos aqueles músicos fazia subir a adrenalina e ganhava em mim maior vontade de assistir ao concerto! Fui bem para o fundo da relva, num local onde já se encontrava clareiras no meio da multidão. O Ivo foi à procura da amiga e eu, o Bruno Reis e o João fomos para perto de uma barraca de cerveja. Surpresa das surpresas, era o Carvalheira que estava a tomar conta do estaminé! Um ex-treinador de futebol, que tinha descoberto à pouco tempo que tinha um grave problema de saúde! Matámos as saudades e na esperança de melhores dias, fomos revivendo a nossa grande equipa e os feitos que alcançámos, intercalando com uma imperiais.
O Ivo voltou para perto de nós, vinha com ar amuado de quem os planos tinham caído em saco roto! A miúda não lhe prestara atenção e estava mais interessada em conviver com uns amigos. De repente do nada, aparece a Joana Santos com uma amiga, a Joana Steiglich, que nos foi prontamente apresentada. Entrou muda e saíu calada! Mas pelo meio ainda teve tempo de se enroscar no Bruno Reis! A Joana a certa altura pediu para sentar no meu colo e com o andar da carruagem e daconversa, voltei a beijar uma rapariga! Algo com que não contava e que há muito não fazia, muito menos no local onde foi! A Joana tinha combinado com uns amigos de se encontrarem perto do palco e como era óbvio eu não ia colocar-me no meio da multidão de cadeira de rodas, muito menos perto do palco! Disse-lhe para ela ir para perto dos amigos que eu ficava bem onde estava e assim foi.
Estava a apreciar o concerto, a bebericar mais uma imperial. Encostei-me ao murro para poder visualizar o palco, senti alguém a tocar-me no ombro e volto a cabeça para ver quem era. Era a Joana de Soure! Já não a via à alguns meses, desde o tempo do acidente! Pusemos a conversa em dia, a falar sobre a minha recuperação e as coscuvilhices da aldeia. A conversa puxou umas imperiais e das imperiais, para algo mais! Não sei explicar como tudo aconteceu! Mas lá estava eu a beijar uma rapariga, outra vez! Estava em grande! Os outros olhavam para mim com ar espantado! Como era possível? O Ivo, então! Coitado, depois da tampa da amiga!
Quase ao final do concerto, a Joana foi para perto dos amigos para não perder a boleia. Despedimo-nos com um beijo e promessas de o próximo encontro ser em Soure. Depois de algumas perguntas por parte dos meus amigos sobre como tinha se sucedido toda aquela situação e às quais não sabia responder, as vinte bandas juntaram-se em palco para cantar o "Grândola Vila Morena". Acerquei-me para perto do meu irmão, travei a cadeira de rodas e levantei-me, apoiando-me no João. De isqueiro na mão, os dois a curtir o momento juntando as nossas vozes em uníssono ao resto dos presentes, eis que nesse momento uma rapariga vem na nossa direcção. Cumprimenta o João com dois beijos e depois dirige-se para mim. Dá-me dois beijos onde os nossos lábios se roçaram. Espantado com aquela circunstância, por instinto saíu-me a seguinte frase - Para dares beijos assim mais vale dares logo na boca! - Não é que ela deu mesmo! Não contava nada com aquilo! O João tentando me equilibrar, ela agarrada a mim como se fosse o seu mais que tudo! E eu nem a conhecia! Melhor! O João também não!
Os momentos que se seguiram foram de um certo reboliço. As amigas dela vieram na nossa direcção para a levar. Ela não queria sair de perto de mim e foi uma carga de trabalhos convencer-la de que tinha que se ir embora! Ela não estava mesmo nas melhores condições! Pelo meio apareceu um rapaz que esteve na conversa com o João enquanto eu assistia a tudo aquilo, sentado na minha cadeira de rodas sem perceber patavina, o som das conversas era abafado pela música. Quando a poeira assentou, viemos embora e foi quando o João me explicou que o rapaz não era um amigo mas sim o marido! Eles tinham-se chateado durante o concerto e ela pôs-se a beber. Deu nisto!
depois de tempos tão complicados, foi assim que o meu ego e virilidade passaram a estar na mó de cima! Fiquei foi com pena do Ivo, tantas esperanças com a amiga e no fim ainda teve de assistir à minha performance de macho latino! Quem poderia imaginar que um rapaz numa cadeira de rodas faria tanto sucesso!
Eu ainda andava em recuperação do primeiro acidente e embora já conseguisse dar uns passos com as canadianas, não tinha equílibrio e maioritariamente percorria as distâncias em cadeira de rodas mas mesmo assim fiz questão de ir ao concerto! Programei de ir com o Ivo, o Bruno Reis e o meu irmão, a minha mãe ia nos levar e buscar e desde que eu me mantivesse num local mais resguardado, não deveria acontecer nada que colocasse em causa a minha integridade. O Ivo que andava excitadíssimo porque também ia lá estar a rapariga de quem ele gostava, não se calou o tempo todo a falar da miúda. Nós não a conheciamos mas já enjoava de tanta descrição!
Ao chegar ao estádio fiquei logo todo animado com aquela azáfama de gente, as roulottes e as barraquinhas de venda de merchandising. Mais radiante fiquei quando o segurança nos indicou o caminho de entrada pelo backstage, pois os portadores de deficiências entravam por aquele local! A perspectiva de poder privar de perto com todos aqueles músicos fazia subir a adrenalina e ganhava em mim maior vontade de assistir ao concerto! Fui bem para o fundo da relva, num local onde já se encontrava clareiras no meio da multidão. O Ivo foi à procura da amiga e eu, o Bruno Reis e o João fomos para perto de uma barraca de cerveja. Surpresa das surpresas, era o Carvalheira que estava a tomar conta do estaminé! Um ex-treinador de futebol, que tinha descoberto à pouco tempo que tinha um grave problema de saúde! Matámos as saudades e na esperança de melhores dias, fomos revivendo a nossa grande equipa e os feitos que alcançámos, intercalando com uma imperiais.
O Ivo voltou para perto de nós, vinha com ar amuado de quem os planos tinham caído em saco roto! A miúda não lhe prestara atenção e estava mais interessada em conviver com uns amigos. De repente do nada, aparece a Joana Santos com uma amiga, a Joana Steiglich, que nos foi prontamente apresentada. Entrou muda e saíu calada! Mas pelo meio ainda teve tempo de se enroscar no Bruno Reis! A Joana a certa altura pediu para sentar no meu colo e com o andar da carruagem e daconversa, voltei a beijar uma rapariga! Algo com que não contava e que há muito não fazia, muito menos no local onde foi! A Joana tinha combinado com uns amigos de se encontrarem perto do palco e como era óbvio eu não ia colocar-me no meio da multidão de cadeira de rodas, muito menos perto do palco! Disse-lhe para ela ir para perto dos amigos que eu ficava bem onde estava e assim foi.
Estava a apreciar o concerto, a bebericar mais uma imperial. Encostei-me ao murro para poder visualizar o palco, senti alguém a tocar-me no ombro e volto a cabeça para ver quem era. Era a Joana de Soure! Já não a via à alguns meses, desde o tempo do acidente! Pusemos a conversa em dia, a falar sobre a minha recuperação e as coscuvilhices da aldeia. A conversa puxou umas imperiais e das imperiais, para algo mais! Não sei explicar como tudo aconteceu! Mas lá estava eu a beijar uma rapariga, outra vez! Estava em grande! Os outros olhavam para mim com ar espantado! Como era possível? O Ivo, então! Coitado, depois da tampa da amiga!
Quase ao final do concerto, a Joana foi para perto dos amigos para não perder a boleia. Despedimo-nos com um beijo e promessas de o próximo encontro ser em Soure. Depois de algumas perguntas por parte dos meus amigos sobre como tinha se sucedido toda aquela situação e às quais não sabia responder, as vinte bandas juntaram-se em palco para cantar o "Grândola Vila Morena". Acerquei-me para perto do meu irmão, travei a cadeira de rodas e levantei-me, apoiando-me no João. De isqueiro na mão, os dois a curtir o momento juntando as nossas vozes em uníssono ao resto dos presentes, eis que nesse momento uma rapariga vem na nossa direcção. Cumprimenta o João com dois beijos e depois dirige-se para mim. Dá-me dois beijos onde os nossos lábios se roçaram. Espantado com aquela circunstância, por instinto saíu-me a seguinte frase - Para dares beijos assim mais vale dares logo na boca! - Não é que ela deu mesmo! Não contava nada com aquilo! O João tentando me equilibrar, ela agarrada a mim como se fosse o seu mais que tudo! E eu nem a conhecia! Melhor! O João também não!
Os momentos que se seguiram foram de um certo reboliço. As amigas dela vieram na nossa direcção para a levar. Ela não queria sair de perto de mim e foi uma carga de trabalhos convencer-la de que tinha que se ir embora! Ela não estava mesmo nas melhores condições! Pelo meio apareceu um rapaz que esteve na conversa com o João enquanto eu assistia a tudo aquilo, sentado na minha cadeira de rodas sem perceber patavina, o som das conversas era abafado pela música. Quando a poeira assentou, viemos embora e foi quando o João me explicou que o rapaz não era um amigo mas sim o marido! Eles tinham-se chateado durante o concerto e ela pôs-se a beber. Deu nisto!
depois de tempos tão complicados, foi assim que o meu ego e virilidade passaram a estar na mó de cima! Fiquei foi com pena do Ivo, tantas esperanças com a amiga e no fim ainda teve de assistir à minha performance de macho latino! Quem poderia imaginar que um rapaz numa cadeira de rodas faria tanto sucesso!
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