O tempo que tudo trás e tudo leva, roubou a estrela incandescente que vivia no teu olhar, dando lugar à penumbra de um cinzento pardo. Inodoro tornaram-se as manhãs. Os lábios áridos que em tempos jorravam doce mel, já não conseguiam matar a sede e as noites passadas ao relento, frias como rochedos, mirraram a harmonia que um dia proliferou.
Não há esperança que sobreviva à irredutibilidade do ser. Não há luz ao fundo do túnel que resista, ao vento da tua vontade transformado em tornado. Devastador, assola tudo o que se construiu, deixando um rasto de destruição massiva, levando consigo o amor banalizado e desrespeitado.
O amor intenso, esse amor real e raro de um arco-íris profundo, já só consigo vislumbrar além longe pelo telescópio, perto das estrelas mais antigas e brilhantes. Foi o furacão da tua essência parda, absorvida de desconfiança e ressequida pelo egoísmo, que catapultou para as estratosfera.
De quando em vez, quando fumar um cigarro nas noites quentes de verão, talvez erga a cabeça tentando procurar entre o escuro da noite, esse amor cintilante que um dia iluminou a minha vida. Não sei se ainda existirás ou sequer se terei a sorte de encontrar-te entre dois bafos no cigarro, por isso deixo-te aqui o o meu adeus agradecido pelas memórias de um antigamente, que nunca chegou a ser realidade. Sê feliz nesse céu imenso, acompanhado das estrelas que serão para sempre tuas companheiras. Eu continuarei a calcorrear a minha estrada no encalce do arco-íris que dá cor e significado à vida.
1 comments:
Há sempre estrelas no céu, brilhem elas mais ou menos:)
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