Só eu sei quem tu és, que me visita diariamente, que convives no imaginário do meu pensamento antes de deitar. Mulher, menina e moça. Só eu sei, o que significou cada dia da nossa existência conjunta. Fui mais do que o actor, vesti a minha pele e pude ser eu sem capas, nem desgraças. Só eu sei a memória do cheiro da tua pele, quando os teus cabelos pousaram no meu ombro ou quando os teus lábios tocavam os meus.
Só eu te conheço realmente, porque entendo as tuas inseguranças, façanhas e defeitos. Entendo na plenitude de aceitar quem és, sem questionar porquês e querendo-te com o mesmo desejo do primeiro olhar, do primeiro sorriso, do beijo nervoso ou do momento em que as mãos se entrelaçavam nervosas pela primeira vez. Só eu sei a entrega que existiu nas horas infindáveis dentro do carro, beijando-te ternamente como vício de mim que não quer partir.
Só eu sei, que a nossa cumplicidade vai além do papel natural que há em nós, da dedicação mútua e esforço conjunto que cada um de nós empregou nesta existência a dois. Só eu sei, como os teus olhos falam palavras de carinho e apreço, que o teu sorriso esboça o teu sentir e como cada gesto de expressão do teu corpo, é produto de um sentimento que só eu consigo descortinar. Mulher felina de garras afiadas na protecção, dócil e terna quando no aconchego da segurança. Só eu sei, que atrás da personagem batalhadora, realista, independente, jóia rara do universo, se encontra a menina generosa, de maneiras delicadas e suave.
Só eu sei, a saudade que me ocorre, quando vejo os verdes campos do outro lado do vidro ou quanto custa relembrar momentos de viagem e estar apartado da tua presença, com a consciência plena que é necessário serenidade, para viver certos momentos, pois não sou dono do destino para alterar-lo. Só eu sei, como estamos tão perto e tão distantes. Até quando não sei mas só eu sei, como custa esta distância.
Na minha vida fui sempre um outro qualquer
Era tão fácil, bastava apenas escolher
Escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade
Mas já passou, não sou melhor mas sou verdade
Não ando cá para sofrer mas para viver
E o meu futuro há-de ser o que eu quiser
Fernando Tordo - Adeus tristeza
0 comments:
Enviar um comentário